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História e conhecimento de Judô

Origem das artes Marciais

É muito difícil precisar de onde vem exatamente as artes marciais. Existem relatos de lutas treinadas em várias regiões do mundo. Vamos relacionar algumas delas abaixo, mas é muito importante considerar que os relatos, apesar de serem bons estudos, não são confiáveis principalmente no que diz respeito as datas. Ou seja, obviamente que existiam formas de lutas em algumas regiões do nosso planeta a milhares de ano, mas quando exatamente isso ocorreu e como isso chegou ate nós?

China

Sendo o “centro” do interesse mundial pelas artes marciais, principalmente graças ao cinema relativo a este tema, o certo é que a China possui uma tradição marcial rica e diversificada. O termo “kung fu”, que é geralmente tomado como uma disciplina só, é na verdade um termo genérico que abriga uma multiplicidade de artes marciais distintas.
Alguns acreditam que a arte marcial mais antiga tenha nascido na China, há mais de 4000 anos. Mas os relatos mais fiéis datam do século V a.C. um documento que se refere explicitamente a técnicas de combate corpo a corpo, sem recurso ao uso de armas, na China. Pouco conhecido fora do país, o Schuai Jiao é praticado até à atualidade. Mais tarde, durante a dinastia Tang (Idade Média), há igualmente relatos de “danças com espadas”

Grécia e Roma

O pancrácio foi uma das modalidades desportivas incluídas nos Jogos Olímpicos da Antiguidade, nos quais só os Gregos podiam participar. Mais tarde, em Roma, os combates de gladiadores foram um dos divertimentos públicos mais difundidos e apreciados.

Egito, Suméria e Mesopotâmia

Pinturas encontradas no mural de tumulos ao longo do Rio Nilo e inscrições de hieróglifos gravados nas pirâmides, provam que os egípcios tiveram um sistema de luta similar ao boxe. As datas desses hieróglifos são estimadas.

Também existem registros de estratégias e treinamentos de lutas na Suméria e na Mesopotâmia.

India

Mas os relatos mais confiáveis são os que tratam de uma arte marcial indiana chamada mallayuddha. Em Sânscrito, mallayuddha se traduz literalmente em "combate de luta livre". É um composto de tatpurusha de malla (lutador, boxeador, atleta) e yuddha ou juddho (luta, batalha, conflito). Seu registro pela primeira vez é no Mahabharata o livro mais antigo em sânscrito que ainda é publicado até hoje. A luta livre no sub-continente indiano tem uma história de pelo menos 5000 anos, tornando-a mais antiga forma conhecida codificada de luta. Tanto o Mallayuddha e o Mahabharata ainda são encontradas atualmente. Por isso podemos considerar o registro mais fidedigno de arte marcial realmente organizado.

O Ju-Jutsu tradicional japonês e a transição para o judo

O Judô moderno, tal como é praticado em todo mundo, não data senão 1882. Deriva, entretanto, de formas de feudalismo-nipônico. Esta arte guerreira de luta corpo a corpo, é geralmente chamada jujutsu.(técnica da ligeireza)

Conta-se em antigas histórias da luta japonesa datada de 238 a.C., que já existia no Japão uma luta de agarramento. Entretanto, em relatos mais recentes sabe-se que um japonês ao ver a neve cair em um salgueiro, percebia que ao invés dos seus galhos se quebrarem com o peso como acontecia com outras árvores maiores, a planta ia cedendo até o gelo cair, voltando em seguida à sua posição original — Ceder para vencer. Daí, foi criado o jujutsu, muito difundido entre os samurais e que chegou a ser dividido em vários estilos com pouca diferença básica entre si.
As artes marciais foram praticadas no Japão durante o período feudal: como a lança, arco e flecha, esgrima e muitas outras. O jujutsu era uma delas, também, chamado Taijutsu e Yawara. Era um sistema de ataques que envolvia projeções, pancadas, cuteladas perfurantes e lacerantes, estrangulamentos, cotoveladas, joelhadas e imobilizações do oponente, bem como a defesa contra esses ataques.

Embora as técnicas do jujutsu fossem conhecidas desde os tempos mais primitivos, até a última metade do século XVI, o jujutsu não era praticado nem ensinado sistematicamente. Durante o período Edo (1603-1868) transformou-se numa arte complexa, ensinada por mestres de numerosas escolas.

Judô é uma palavra japonesa que se decompõe em Ju e Do.
Ju significa agilidade, não resistência, suavidade. Do, traduz-se por via, meio ou caminho. O Judô é, portanto, a " via da não resistência" ou o " meio ágil", o caminho que leva a uma vida equilibrada, utilizando um método de educação física e mental baseada numa disciplina de combate com as mãos nuas. O próprio princípio que rege este combate é a não resistência: ceder à força adversária, para desequilibrar, controlar e vencer com um mínimo de esforço.

Jigoro Kano Sensei

Porém, foi em 1877 que um jovem estudante se interessou pelo Jujutsu e, tornando-se discípulo do mestre FUKUDA, fez diversas pesquisas sobre a luta criando métodos, resumindo e eliminando os golpes perigosos, dando explicações científicas para as técnicas que eram aprendidas instintivamente. Este jovem de nome JIGORO KANO que viveu de 1860 a 1938, fundou sua própria escola com o nome de Kodokan (em 1882), ministrando novas técnicas metodizadas às quais deu o nome de JUDÔ.

O JUDÔ é o Jujutsu aplicado à vida moderna, objetivando o aprimoramento físico e o caráter, tornando o praticante em um elemento útil à sociedade.
De saúde delicada o jovem Kano, de apenas um metro e cinquenta e pesando escassos 48 kg. Aos 16 anos, decidiu fortificar o corpo, praticando a ginástica e o remo. Mas estes desportos eram demasiados exigentes para a sua débil constituição física. Além disse nas brigas entre estudantes, Kano era sistematicamente vencido. Ferido na sua qualidade de membro de familia samurai, decidiu estudar jujutsu. Seu primeiro professor foi Hachinosuke Fukuda, da Escola Tenjin-Shinyo-Ryy(1877). Kano iniciou-se nos mistérios da Escola “Coração de Salgueiro”. Quando Fukuda morreu, Kano herdou os seus arquivos e tornou-se seguidamente aluno de Mestre Isso e outros mestres, até que mestre Iikugo, lhe ensinou a técnica da escola de Kito. Até então praticada sempre as lutas corpo a corpo envergando roupas normais; a escola de Kito ensinou-lhe o combate com armadura.

Pouco a pouco Kano fez a síntese das diversas escolas, criando um sistema próprio de disciplina, continuando, no entanto, a treinar com mestre Iikugo até 1885, Em fevereiro de 1882 instalou-se com a idade de 22 anos, no pequeno templo budista de Eishosi, da seita Jôdo. É neste templo, berço do Judô, que Jigoro Kano instala o seu primeiro dojo.

Vivendo nas dependências do templo com alguns alunos e uma velha criada, dedicou-se pacientemente a elaborar um novo método. Mas o jujutsu possuía a par de grandes qualidades, enormes defeitos. Era preciso “podá-los” e organizar, simultaneamente, um método de treino similar ao de certos desportos ocidentais.

Kano fez a síntese das melhores técnicas de jujutsu. Escolheu os golpes mais eficazes e o mais racionais. Eliminou as práticas perigosas e incompatíveis com o fim elevado que visava. Aperfeiçoou a maneira de cair e inventou o princípio das quedas de amortecimentos. Criou uma vestimenta especial de treino (judogi), dedicou-se particularmente aos métodos de projeções aperfeiçoamento vários de sua autoria.

O jujutsu era prática guerreira baseada na ligeireza do corpo e do espírito. Kano pensou que a sua nova arte devia ter outro nome, pois o fim visado era completamente diferente. O seu anseio era descobrir uma autêntica forma de viver, baseada na racional utilização da energia humana. Chamou a esta nova ciência de “Judô” (Caminho Suave).

Fundação da Kodokan e a nova ordem marcial japonesa

A arte desenvolvida começou a ser ensinado desde 1882, no dojo de Jigoro Kano, agora batizado por Kodokan (Escola para o Estudo da Via). O primeiro aluno inscreveu-se em 5 de julho de 1882; chamava-se Tomita. Depois vieram Higushi, Nakajima, Aritma, Matsuoka, Amano Kai e o famoso Shiro Saigo. Este último tornar-se-ia o campeão imbatível do judô, alcançando inúmeras vitórias sobre os adeptos do antigo jujutsu. As idades destes primeiros alunos oscilavam entre 15 e 18 anos. O mestre Iikubo acompanhava Kano o visitando frequentemente, ensinando-o durante o primeiro semestre de 1883. Kano albergou-os e ocupou-se deles como um pai. Foi o período apaixonante mais difícil; o jovem professor não tinha dinheiro e o tatame media apenas 20 metros quadrados. Mas a escola progrediu e em breve tornou-se célebre.
Em 1885, o número de alunos cresceu, chegando a 54 e alguns estrangeiros começaram a solicitar instruções. Em 1886, Kano mudou-se novamente de residência, dessa vez para Fujimicho, onde montou um espaço com 40 esteiras onde 99 alunos matricularam-se nesse ano. Nos anos seguintes, membros da Kodokan começaram a se destacar nos torneios abertos patrocinados pela Agência Nacional de Polícia. O judô Kodokan de Kano estava caminhando para assumir uma posição primordial no mundo das artes marciais do Japão moderno.
Em agosto de 1889, Kano embarcava em uma longa viagem de inspeção a instituições educacionais na Europa, deixando seus discípulos mais antigos, Saigo e Tomita, encarregados do Kodokan. Acompanhando por um funcionário da Agência da Casa Imperial, partiu de Yokohama em 15 de setembro de 1889, passando por Shangai, na China, seguindo mais tarde à Europa passando por diversos países do continente. Na volta parou em Cairo, no Egito, para conhecer as pirâmides.

Em 1906, O Kodokan expandiu-se de novo, dessa vez para um novo dojo de 207 esteiras, em Shimo-Tomisaka-cho. Nesta época o judogi (uniforme de treino que chamamos de kimono) foi padronizado na forma que o conhecemos hoje.

Em 1908, a Assembléia japonesa criou uma lei que obrigava o aprendizado de kendô ou judô para todos os estudantes do ensino médio.
Com a expansão do judô em todo o mundo, foi criada em 1952 a Federação Internacional de Judô (F I J), que tem como finalidade desenvolver, organizar e incentivar o judô em todo mundo. Em 1972 durante as Olimpíadas de Munique, o judô tornou-se um esporte olímpico.

Judô e os seus princípios

Os princípios que inspiraram Jigoro Kano quando da idealização do Judô foram:

  • Princípio da Máxima Eficiência com o mínimo de esforço do corpo e o espírito (Seiryoku Zen’Yo).

É ao mesmo tempo a utilização global, racional e utilitária da energia do corpo e do espírito. Jigoro Kano afirmava que este princípio deveria ser aplicado no aprimoramento do corpo. Servir para torná-lo forte, saudável e útil. Podendo ainda ser aplicado para melhorar a nutrição, o vestuário, a habitação, a vida em sociedade, a atividade nos negócios na maneira de viver em geral. Estando convencido que o estudo desse princípio, em toda a sua grandeza e generalidade, era muito mais importante e vital do que a simples prática de uma luta. Realmente, a verdadeira inteligência deste princípio não nos permite aplicá-lo somente na arte e na técnica de lutar, mas também nos presta grandes serviços em todos os aspectos da vida. Segundo Jigoro Kano, não é somente através do judô que podemos alcançar este princípio. Podemos chegar à mesma conclusão por uma interpretação das operações cotidianas, através de um raciocínio filosófico.

  • Princípio da Prosperidade e Benefícios Mútuos (Jita Kyoei).

Diz respeito à importância da solidariedade humana para o melhor bem individual e universal. Achava ainda que a ideia do progresso pessoal devia ligar-se a ajuda ao próximo, pois acreditava que a eficiência e o auxílio aos outros criariam não só um atleta melhor como um ser humano mais completo.
Mais do que um princípio, a suavidade (Ju) é elemento intrínseco do judô de maneira tal que até faz parte do seu nome.
Ju ou suavidade, é mais ligado diretamente ao físico, mas que no entender de Jigoro Kano deveria ser levado também ao plano intelectual. Ele mesmo nos explica este conceito durante um discurso proferido na University of Southern California, por ocasião das Olimpíadas de 1932:
"Deixem-me agora explicar o que significa, realmente esta suavidade ou cedência. Supondo que a força do homem se poderia avaliar em unidades, digamos que a força de um homem que está na minha frente é representada por dez unidades, enquanto a minha força, menor que a dele, se apresenta por sete unidades. Então se ele me empurrar com toda a sua energia, eu serei certamente impulsionado para trás ou atirado ao chão, ainda que empregue toda minha força contra ele.
Isso aconteceria porque eu tinha usado toda a minha força contra ele, opondo força contra força. Mas, se em vez de o enfrentar, eu cedesse a força recuando o meu corpo tanto quanto ele o havia empurrado mantendo, no entanto, o equilíbrio então ele inclinar-se-ia naturalmente para frente perdendo assim o seu próprio equilíbrio.
Nesta posição ele poderia ter ficado tão fraco, não em capacidade física real, mas por causa da sua difícil posição, a ponto de a sua força ser representada, de momento, por digamos apenas três unidades, em vez das dez unidades normais. Entretanto eu, mantendo o meu equilíbrio conservo toda a minha força tal como de início, representada por sete unidades.
Contudo, agora estou momentaneamente numa posição vantajosa e posso derrotar o meu adversário utilizando apenas metade da minha energia, isto é, metade das minhas sete unidades ou três unidades e meia da minha energia contra as três dele.
Isso deixa uma metade da minha energia disponível para qualquer outra finalidade. No caso de ter mais força do que o meu adversário poderia sem dúvida empurrá-lo também. Mas mesmo neste caso, ou seja, se eu tivesse desejado empurrá-lo igualmente e pudesse fazê-lo, seria melhor para eu ter cedido primeiro, pois procedendo assim teria economizado minha energia."
A vestimenta utilizada nessa modalidade é o judogi e que, com a faixa (obi), formam o equipamento necessário à sua prática. O judogi que é composto pelo casaco (Wagi), pela calça (Shitabaki) e também pela faixa, o judogi pode ser branco ou azul, sendo o último utilizado para facilitar as arbitragens em campeonatos e na identificação dos atletas durante as transmissões de televisão (TV).

Ideologias do Judô

  • Quem teme perder já está vencido.

  • Somente se aproxima da perfeição quem a procura com constância, sabedoria e, sobretudo, humildade.

  • Quando verificares com tristeza que não sabes nada, terás feito teu primeiro progresso no aprendizado.

  • Nunca te orgulhes de haver vencido a um adversário, ao que venceste hoje poderá derrotar-te amanhã. A única vitória que perdura é a que se conquista sobre a própria ignorância.

  • O judoca não se aperfeiçoa para lutar, luta para se aperfeiçoar.

  • Conhecer-se é dominar-se, dominar-se é triunfar.

  • O judoca é o que possui inteligência para compreender aquilo que lhe ensinam e paciência para ensinar o que aprendeu aos seus semelhantes.

  • Saber cada dia um pouco mais e usá-lo todos os dias para o bem, esse é o caminho dos verdadeiros judocas.

  • Praticar Judô é educar a mente a pensar com velocidade e exatidão, bem como o corpo obedecer com justeza.

  • O corpo é uma arma cuja eficiência depende da precisão com que se usa a inteligência.


A Etiqueta no Judô

O primeiro gesto que se ensina ao iniciado no dojo, depois de lhe haver explicado a forma correta de amarrar a faixa, é a saudação. O judô, que nos veio do Extremo-Oriente, não podia fugir ao simpático e descontraído costume das curvaturas, reverências e outras formas de deferência. O respeito devido e adaptado ao cada caso.
A saudação executa-se de duas maneiras: uma, simples e outra mais cerimoniosa. Elas são, tanto uma como a outra, o reflexo e exato da cortesia nipônica.
RITSU-REI – Saudação em pé
a) em pé, calcanhares unidos, pequena abertura da parte anterior dos pés;
b) as mãos espalmadas ao longo dos braços, apoiando de leve na lateral das coxas;
c) pequena inclinação do corpo a partir da cintura, formando um ângulo de aproximadamente 30 graus em relação à posição vertical do corpo;
d) quanto às duas mãos, o movimento é descrito partindo das laterais das coxas vindo ligeiramente à frente, deslizando com naturalidade em direção aos joelhos.
ZA-REI – saudação ajoelhado

É preconizada uma forma correta também de se ajoelhar, obedecendo a uma ordem lógica de movimentos:
a) partindo da posição em pé, afasta-se a perna esquerda (hidari) e ajoelha-se. Posteriormente a direita (migi), com o mesmo procedimento;
b) os pés apoiados nos artelhos, estendendo-os sentando-se buscando o conforto desta posição;
c) os joelhos deverão paralelamente oferecer uma abertura, em torno de dois punhos e as mãos espalmadas sobre as coxas;
d) para o movimento de saudar, flexiona o tronco à frente mantendo contato dos pés com o glúteo, tocando as mãos no solo em formato de triângulo, olhar voltado para frente observando o companheiro que está sendo saudado.

O tatami é o mundo
o judogi o metal
a faixa é a vontade
o hara é a fé
segurar é soltar
a atenção é a consciência
o adversário somos nós mesmos;

O judô é um buquê de todas essas flores.
A meta final do judô é o aperfeiçoamento do indivíduo por si mesmo, desenvolvendo um espírito que deve buscar a verdade através de esforço constante e da sua total abnegação, para contribuir na prosperidade e no bem estar da raça humana.
Jigoro Kano

Valores morais e éticos do Judô

Os elementos indispensáveis à formação judoística, à moral, à ética, à disciplina a ser mantida fora e dentro do dojo são:

PARA OS ALUNOS

1. Manter seu judogi limpo e em condições exigidas pelas regras do judô.
2. Saber dobrar corretamente o judogi.
3. Conservar seus cabelos, barba e unhas convenientemente aparados, bem como satisfazer às condições básicas de higiene corporal.
4. Fazer a saudação:
o ao entrar no dojo;
o ao cumprimentar seu Mestre;
o ao convidar seu companheiro para o treino antes e depois de cada randori ou shiai
5. Quando no dojo, manter a disciplina e o respeito adequado ao local, observando os regimentos internos da entidade.
6. Amarrar corretamente a faixa.
7. Zelar pelo bom nome do judô.
8. Ser modesto, aguardando que os outros falem de suas qualidades.
9. Não fazer críticas, quando em visita a qualquer escola ou dos métodos de ensino usados.
10. Cooperar na difusão da própria prática do judô.
11. Respeitar e obedecer aos mais graduados.
12. Respeitar as decisões dos árbitros, recebendo a vitória ou a derrota com a mesma dignidade.
13. O local de competição (Shiai–jo) é um lugar de respeito; dentro dele, não comemorar as vitórias.
14. Não se esquecer que o judô é universal, portanto, todos os judocas formam uma só família.
15. Ser humilde e ter paciência para transmitir os conhecimentos adquiridos.
16. Manter sempre a cordialidade e a lealdade.
17. Fazer com que o “espírito do judô” esteja presente em todos os momentos de sua vida.

PARA OS PROFESSORES

1. Zelar pelos alunos, dando-lhes bons exemplos e orientando-os para a vida;
2. Não se esquecer que o aluno, de um modo geral, é o espelho do professor;
3. Manter atitudes que façam justificar a qualificação de professor (Sensei);
4. Manter-se atualizado, sempre estudando para melhor transmitir;
5. Manter a disciplina antes, durante e após as aulas;
6. Procurar informar-se sobre a vida e as dificuldades de seus alunos e colegas, cooperando com eles e ajudando-os a resolver os problemas, quer sejam técnicos ou pessoais;
7. Não usar, nem deixar que seus alunos o façam, graduações ou títulos que não sejam aqueles que foram conseguidos através dos órgãos oficiais;
8. Não permitir o uso indevido do uniforme de judô (judogi), como por exemplo, fantasia de carnaval, ou em lugares incompatíveis, tais como bares, etc.;
9. Ensinar, sobretudo, que devemos lutar para nos aperfeiçoar e não nos aperfeiçoar para lutar.
A seguir será apresentado o código de moral do Judô.
GENTILEZA
Gentileza é respeitar os outros.

CORAGEM
Coragem é fazer o que é justo.

SINCERIDADE
Sinceridade é se expressar sem ocultar seus sentimentos.

HONRA
Honra é manter a palavra.

MODÉSTIA
Modéstia é falar de si sem vaidade.

AUTOCONTROLE
Autocontrole é ficar quieto quando a raiva aflora.

AMIZADE
Amizade é o mais puro dos sentimentos humanos.

Elementos essenciais para a boa prática do Judo

O DOJO

O Judô deve ser praticado num local especialmente projetado, conhecido como dojo.
Quando alguém visita um dojo, pela primeira vez, deve-se fazê-lo admirar com a manutenção da limpeza e impressionar com a atmosfera solene. Devemos lembrar que a palavra dojo deriva de um termo budista, que se refere ao “lugar iluminado". Tal como um mosteiro, o dojo é um lugar sagrado onde às pessoas vão aperfeiçoar o corpo e a mente.
O dojo não é local para conversa sem propósito e não se admite qualquer atitude de falta de respeito, discriminação ou preconceito.
Não é permitido comer, beber e fumar no dojo, pois os praticantes são compelidos a mantê-lo asseado e limpo.
Só é permitido subir no tatame descalço e com os pés limpos.

O JUDOGI

O conjunto de jaqueta, calça e faixas usadas na prática do judô são chamados de judogi. Além do judogi os alunos devem usar chinelo.
O judô possui duas cores de judogi o branco e o azul. O azul deve ser usado somente em competição.

As partes do judogi são assim descriminadas:
WAGI = Casaco
SHITABAKI = Calça
OBI = Faixa
SURIPPA = Chinelo

Cuidados com o judogi

O judogi deverá estar sempre limpo e sem rasgos. Estar com judogi sujo é sinal de falta de higiene e um desrespeito com os parceiros de treino. As meninas deverão vestir camiseta branca por baixo do casaco. Nada mais deve ser usado junto com o judogi, como, relógio, correntes, anel, brinco, pulseiras, etc.
Em dia muito frio o ideal e vestir o judogi e, por cima deste, vestir um agasalho para ser retirado quando a aula for iniciar e colocado quando a aula terminar.
Quando estiver de judogi fora do tatami deve-se usar chinelo não é adequado ficar de tênis ou sapato, o correto é utilizar chinelo.
Quando se retira à faixa da cintura é condizente com a etiqueta retirar também o casaco. Não é adequado ficar andando fora do dojo com o casaco aberto sem a faixa para amarrá-lo.
Em casa o judogi não deve ser jogado em qualquer canto. Se estiver limpo deverá ser pendurado para secar. Se estiver sujo coloque-o para lavar ou peça para os pais ou responsáveis que façam esta gentileza.
Quando estiver vestindo o judogi devemos nos portar com muito respeito, pois estamos representando a modalidade que escolhemos praticar e somos identificados como judocas.

Lembre-se, o judogi é o que permite seu aprendizado no Judô, portanto deve ser muito bem cuidado.
Judoka – O ideograma KA, traduzido literalmente significa “casa”, “lar”, mas no caso das artes marciais significa especialista, alguém que se especializou em, ou seja, tornou-se “a casa onde mora o caminho”.

DISCIPLINA

A disciplina é parte integrante e inseparável do Judô, devendo ela ultrapassar o dojo e ir bem mais longe sendo aplicadas em todas as atividades do ser humano. Uma pessoa indisciplinada pode causar sérios acidentes colocando em risco sua integridade física e moral bem como da coletividade. A disciplina não se refere apenas a conduta ou comportamento mas também a atitude de realizar uma tarefa sistemática com concentração e determinação como nos treinos de uchikomi (treino de entrada de golpes).

RESPEITO

Respeitar-se e respeitar seu semelhante pelas suas características pessoais evitando a discriminação e o preconceito de qualquer ordem é fundamental para manter um ambiente propicio para a prática do Judô. O respeito é uma condição fundamental para que possamos aprender a lutar. Respeitar é cuidar do outro e considerá-lo importante e admira-lo. Sonkei é o termo em japonês para definir este tipo de respeito. Quando você executar algum golpe que possa ter ferido intencionalmente seu parceiro é importante desculpar-se dizendo Gomenasai como forma de aceitar o pedido de desculpas e dizer que está bem diga Daijoubu.

HIGIENE

O judoca deve comprometer-se a cuidar de sua higiene pessoal e também do espaço em que vive. É responsabilidade do judoca estar limpo escovando os dentes, cuidando das unhas, cabelos, roupas, etc.
No banheiro utilizá-lo com organização não deixando papeis jogados, fazer molhaceira, gritar ou fazer brincadeiras inadequadas.
Cuidar dos espaços da escola ou do clube, nos corredores, nas salas de aula, no dojo, etc.

DEDICAÇÃO

Quem gosta e quer crescer no Judô e com o Judô precisa de dedicação, força de vontade e perseverança para superar os desafios. Para um judoca determinado, as barreiras serão suplantadas com maior facilidade.
Quem não se dedica não conquista. A persistência nos leva ao conhecimento.

CONSTÂNCIA

É preciso que haja constância para se alcançar um objetivo. No Judô muitos são aqueles que começam e param. A cada concessão que fazemos a nossa inconstância, mais fracos nos tornarmos e menos condições teremos de impor nossa vontade.

RELACIONAMENTO

Jigoro Kano criou o JUDO KODOKAN que se traduz como a ACADEMIA DO CAMINHO FRATERNO. É neste ideal que se assenta os relacionamentos onde a amizade a solidariedade e a fraternidade devem imperar sobre a rivalidade e a hostilidade.

Treinamentos do Judô 

Tendoku-renshiu

É o treino solitário. É preciso com maior precisão possível o tsukuri, o kuzushi e mesmo o kake, sem parceiro. É um trabalho no vazio, um pouco como o do pugilista a lutar contra a própria sombra. Esta forma de treino não é possível senão após a aprendizagem de várias técnicas. As perdas de tempo devida às quedas, falsos deslocamento, etc., são inexistentes.

Uchi komi

Existem muitas formas diferentes de se praticar as técnicas de judô a fim de dominá-las e torná-las naturais e efetivas. Oriundo do Judo, o Uchi komi é um treino de repetição e aperfeiçoamento técnico, onde se simula a projeção (nage) em todo o seu trajeto. O arremesso no entanto, não é finalizado.

É importante lembrar que não existem caminhos mágicos! É extremamente importante praticar com intensidade afim de retermos a memória muscular de forma correta, fixando - sem pensar- as melhores respostas para cada tipo de exercícios.

VANTAGENS DO UCHI KOMI

A principal vantagem é o número de repetições que poderemos treinar com Uke de forma segura. Um arremesso é algo muito contundente, mesmo em cima de um tatame. Dificilmente encontraremos um Uke que suporte 100 projeções em cada técnica sem se machucar. No uchi komi, podemos treinar centenas de repetição com segurança, até o movimento se tornar automático. Existem judocas de alto nível que chegam a realizar 1000 uchi komi ou mais cada por técnica!
Em segundo lugar, num nível mais alto, temos a possibilidade de treinarmos nossa velocidade.

Yaku soku geiko

Treino leve e livre em deslocamento.Foi desenvolvido para melhorar as habilidades de arremesso (TORI) e de queda (UKE) para treinamento para competição de judô. É a forma mais eficaz de exercício para treinar e aprender técnicas de arremesso no movimento.

A UKE não oferece bloqueio, resistência. TORI faz as técnicas com fluidez e com a tensão corporal necessária. É importante que a TORI e a UKE coordenem sua respiração, enquanto implementam o Yaku soku geiko.
Também para o primeiro aprendizado de um Kata este treinamento é perfeito, porque a coordenação das sequências de passos entre TORI e UKE pode ser praticada melhor. Mais tarde, no treinamento de kata, a UKE pode acumular mais e mais resistência durante a implementação, de modo que o Kata pareça realista.

Kakari geiko

O tori ataca sem cessar, a esquerda, direita, combina encadeamento, simulações, etc. O uke mantém-se flexível, esquiva-se, bloqueia, mas jamais vai atacar ou vai dar o contra golpe. É um treino ideal para aperfeiçoar os encadeamentos combinados e variantes de todas as técnicas. É um exercício apaixonante, mas bastante cansativo, pois o tori não cessa de praticamente de atacar. Este exercício permite, também uma excelente aprendizagem de ataque contínuo.

Randori

Significa “prática livre”: os praticantes, aos pares disputam um contra o outro como se estivessem em competição. Eles podem projetar, imobilizar, estrangular e aplicar chaves de braço. s principais condições no randori são que os participantes tomem cuidado de não causar lesões um ao outro e que sigam a etiqueta do Judô que é obrigatória para quem deseja obter o máximo benefício de randori.
O randori pode ser praticado tanto como treinamento dos métodos de ataque e defesa ou como educação física. Em ambos os casos, todos os movimentos são feitos de conformidade com o princípio da eficiência máxima. Se objetivo é treinamento em ataque e defesa, a concentração na execução adequada das técnicas é suficiente. Mas além disso, randori é ideal para cultura física, desde que envolve todas as partes do corpo e tal como a ginástica, todos os seus movimentos devem ser intencionais e executados com esse espírito. O objetivo desse treinamento físico sistemático é aperfeiçoar o controle sobre a mente e o corpo e prepara o indivíduo para enfrentar qualquer emergência a um ataque, acidental ou proposital.

Shiai

É o combate marcial. A competição pura.
Pratica-se com o objetivo de alcançar a vitória sobre o adversário utilizando da técnica. Pode ser praticado no dojo (local de treino) ou shiai-jo (local oficial para competição).

Kata

É o conjunto das técnicas fundamentais, um método de estudo especial, para transmitir a técnica, o espírito e a finalidade do judô. Segundo o mestre Jigoro Kano: "Os katas são a estética do judô, sem o qual é impossível compreender o alcance."

Judô no Brasil

No fim da década de 1910 e no início da década seguinte, Takaharu (ou Takaji) Saigo, 4° dan de Judô, ensinava a arte na cidade de São Paulo, em sua academia localizada na Rua Brigadeiro Luís Antônio. Em 1922 e 1923, ele chegou a fazer demonstrações da arte perante personalidades políticas e militares da época e teve alunos tanto japoneses quanto não japoneses. Diz-se que Takaharu Saigo era neto de Takamori Saigo, um dos homens mais importantes da Restauração Meiji no Japão.
Mitsuyo Maeda, também conhecido Conde Koma, fez sua primeira apresentação em Porto Alegre. Partiu para as demonstrações pelos estados do Rio de Janeiro e São Paulo, chegando ao Amazonas e transferindo-se finalmente para o Pará em outubro de 1925,[5] onde popularizou seus conhecimentos dessa arte. Outros mestres também faziam exibições e aceitavam desafios em locais públicos. Mas foi um início difícil para um esporte que viria a se tornar tão difundido. Essa ida do Conde Koma para o estado do Pará, resultaria em seu contato com Gastão Gracie, dono de circo local. Este contato do Mestre japonês com o Clã Gracie e com Luiz França, outro de seus alunos,[6] originaria num futuro próximo o desenvolvimento do Jiu-jitsu brasileiro.
Um dos primeiros torneios de judô foi realizado no dia 01 de maio de 1931 na cidade de Araçatuba, estado de São Paulo. Organizado por Yuzo Abematsu, 4º dane ex-professor de judô da Escola Superior de Agronomia de Kagoshima, da Segunda Escola de Ensino Médio e do Batalhão da Polícia do Exército do Japão, o torneio incluiu lutas contra boxe e luta greco-romana.
Nesta história não podemos deixar de citar por fim Ryuzo Ogawa, japonês que desembarcou em 1936 na cidade de Registro, no interior de São Paulo, e foi um dos responsáveis pelo ensino e expansão do judô por todo o país. Com a criação da Associação de Judô Hombu Budokan, já na capital, para onde Ryuzo se mudou dois anos depois da chegada, o judô ganhou dimensões cada vez maiores. Ogawa chega ao país já com 53 anos, com a esposa e o filho único Matsuo, junto com a família de seu irmão. Sem experiência na prática da agricultura, usada pelos imigrantes nipônicos para sobreviver no Brasil, ele logo passou a implantar o judô, mas ainda entre os japoneses apenas. Foi com ida para São Paulo, em 1938, com a abertura da academia no bairro da Liberdade, que muitos começaram a conhecer o esporte.

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